sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Quatro de Paus, uma experiência subjetiva.


Por Christiane Forcinito 

Desde que me assumi novamente taróloga abri minha página no Facebook, Instagram e retomei este blog. Todos os dias tenho tirado o conselho do dia e postado um pequeno texto nas redes sociais. Claro que muitos dos conselhos que saem também diz respeito ao momento que vivo e por isso, hoje escrevo este texto. Quero compartilhar uma experiência minha com o Quatro de Paus. 

O atual contexto da minha vida tem sido complicado. Desde a demissão da escola tenho, assim como no dois de ouros, feito malabarismos para manter a minha independência e mesmo com tanta instabilidade tenho conseguido viver. 

No amor a instabilidade meio que se cristalizou. Tenho muitos e ao mesmo tempo ninguém. Uma coleção de experiências sexuais sem compromissos e algumas delas sem nem um pingo de afetividade e carinho, porém eu me acostumei e como não estou em uma "sangria desatada" tenho feito acordos e vivido de maneira tranquila todo esse vai e vem.  Há também o fato de eu ser gata escaldada, isto é, não deixo aberta nenhuma possibilidade com nenhum homem que não preencha os requisitos que estabeleci para mim mesma caso eu viva uma relação estável. 

Por outro lado no amor, assim como o arcano da Esperança, há uma brecha que está aberta para que o amor possa entrar sim, além do fato de eu ter trabalhado por todos estes últimos 7 anos minhas questões amorosas nas constelações, porém como a Rainha de Espadas não pode ser qualquer homem. Eu tenho sim altos parâmetros do tipo de homem que eu quero como companheiro. 

Bem, se eu estou discorrendo sobre os homens... Vamos aos homens.. Risos. Um homem apareceu, tocou aquele sino que há tempos não havia sido tocado no meu coração e quase me apaixonei perdidamente. 

Não aconteceu nada entre nós além de muita conversa (excelente por sinal ou eu jamais me interessaria) e escrevo mais: por conta da distância geográfica nada aconteceu, pois me conhecendo bem, sei que vou ao ponto e faço acontecer sempre que desejo alguém. Nesta nossa conversa (sempre franca - outro ponto positivo para ele) percebi que enquanto eu o tinha como prioridade total ele já não me via desta forma então, por isso e sabendo do quanto eu poderia sofrer  por me apaixonar desta forma resolvi cortar minhas investidas "tirando o meu time de campo".

Hoje acordei feliz por ter feito o que minha razão e intuição me alertaram e assim fui trabalhar, um pouco reflexiva sim, jogando para vida e pedindo por novas possibilidades, afinal ele também me mostrou o quanto estou sim aberta para o amor. 

Na parte da manhã durante o treino de Jiu Jitsu, como (uma futura cirurgia) estou impossibilitada de treinar, assisti e fotografei o treino, mas minha câmera de celular estava muito estranha e pensei: "não é de hoje que ela está estranha", mas como uma boa pisciana sou desligada para muita coisa e continuei fotografando. 

Depois do treino fui tirar a carta do dia e assim saiu o Quatro de Paus. Refleti em tudo que eu estava vivendo e percebi o quanto esta carta me dizia muito. Escrevi o texto a respeito e guardei, pois todos os dias fotografo a carta e depois posto foto e texto da mesma.

Pensando na fotografia comentei com a minha amiga Patrícia: "preciso mudar a foto caramba! Sou fotógrafa! Estou cansada de fotografar sempre selfs e não conceituar mais o meu texto com a fotografia". Ela pensa e me dá uma ideia. Quando fui fotografar a ideia dela reclamei da minha câmera e ela quando foi ver, notou e disse: "Chris! Porra! Limpa a lente!!!!". Ela fez a foto da carta do dia hoje inclusive. Mais um ponto relacionando o Quatro de Paus com este momento. 

O Quatro de Paus fala sobre recompensa com uma base mais sólida. (diferente do três justamente por ter esta base), pois neste momento do mito Jasão aceitou o desafio de conquistar o Velocino de Ouro e trabalhou duro para isso. O navio está construído e assim ele pode ir para mais uma etapa nesta aventura. Além disso ele se cercou de amigos para ajudá-lo nesta empreitada. Traduzindo isso para o nosso conselho de hoje o dia pede discernimento para que possamos compreender nosso presente visando o nosso objetivo futuro e agradecer aos amigos que estiveram junto conosco no caminho. 

Relacionando esta com o meu atual momento eu penso que tomei a decisão certa e que devo me alegrar, afinal eu sei muito bem o que eu desejo e no quanto eu tenho lutado para ser a mulher que sou. Embora minha vida não esteja um mar de rosas eu desfruto de alguma paz. Além disso, agradeço a todos que de alguma forma contribuíram para tal e assim como Jasão tenho a sorte de estar rodeada de bons amigos eu me fazem limpar a lente e ver com clareza. 

Quando eu estava voltando para casa por causa da chuva tive que andar um pouco mais devagar e fazer um outro trajeto. Resultou que assim pude desfrutar, fotografar e observar paisagens e detalhes que por mais cotidianas que sejam, com a lente limpa, o olhar e o coração aberto pude ver. Todo este trajeto tomou uma nova forma e um novo olhar. Lição esta que trago para minha vida e compartilho hoje com todos que se predispuseram a ler este meu texto totalmente subjetivo até aqui.  

O tarô nos coloca em contato com a magia da vida justamente neste ponto. As cartas nos dão as respostas que muitas vezes já sabemos e também nos responde sobre o que precisamos saber e não estamos conseguindo ver com clareza. Muitas vezes o que precisamos é um toque ou um "limpe suas lentes" sobre nossas questões e assim termino o texto agradecendo aos amigos e desfrutando da paz e da lição de casa feita que o Quatro de Paus me trouxe no dia de hoje. 

Fotografia da carta: Patrícia Kroeger

Abaixo minhas fotos durante o trajeto para casa. É bom demais fotografar...
Trajeto que faço muitas vezes hoje tomaram uma cor especial











=.)



domingo, 1 de abril de 2018

Pajem de Ouros


Por Christiane Forcinito

Esta carta é representada pela figura mitológica do garoto Triptólemo, filho do rei Celéu de Elêusis. Um dia o garoto e seis irmãos estavam ajudando o pai em seu trabalho nos campos - ele cuidava do gado enquanto os dois irmãos cuidavam dos carneiros e porcos - quando a terra abriu -se em uma fenda engolindo todos os porcos do Rei, depoiss apareceu uma carruagem puxada por dois cavalos pretos que desceu pela fenda. O rosto do condutor não era visível, mas no seu braço direito ele segurava uma garota que gritava em desespero. Eles presenciaram nada mais nada menos que o rapto de Perséfone pelo deus do submundo, Hades. 

Deméter, a mãe de Perséfone que estava percorrendo incansavelmente o mundo todo em busca de informações chegou disfarçada em Elêusis. O garoto Triptólemo (e somente ele) a reconheceu e lhe deu as informações que ela precisava. Por este ato de bondade ela o ensinou a venerá-la e depois ensinou sobre os mistérios da natureza e a morte e a regeneração da vida por meio dos ciclos sasonais. Ela entregou sempentes de trigo, um arado de madeira e uma carruagem puxada por serpentes, e o instruiu a viajar pelo mundo ensinando a humanidade a arte da agricultura.

No tarô dos Santos, pela numeração, a carta correspondente é a de Santa Elisabeth. Ela viveu no século XIII, era Rainha e ficou conhecida como protetora dos padeiros. Ela durante sua vida toda ajudou os pobres. 

Sua história é bem simples. Nascida em família nobre na Hungria ela perdeu a mãe aos seis anos de idade. Como costume na época ela foi prometida em casamento ao principe do reino de Turinga, Ludovico IV e como costume foi morar com a família do marido no mesmo ano em que sua mãe morreu. Ludovico tinha 11 anos na época. 

Eles se tornaram muito amigos e se casaram quando ela tinha 14 e ele 21 anos. Tiveram três filhos (a caçula inclusive é Santa Gertrudes) e um casamento feliz. A família do marido a criticava por ela ser uma mulher sem ostentação e caridosa demais. Quando ele morre na sexta cruzada a família do marido passa a perseguí-la claramente fazendo com que ela renuncie a parte dela na herança. Eles diziam que ela ia gastar todas as economias do reino com os pobres e necessitados. Ela renuncia e deixa para seus filhos e é abandonada na rua. 

Na rua, ela é acolhida por uma tia, chamada Matilde, então superiora do mosteiro de Kitzinger e fica lá por um tempo trabalhando com os doentes percebendo que sua missão no mundo estava relacionada a cuidar dos doentes mais pobres. 

E, 1229 a justiça do reino fez com que uma parte da herança lhe fosse restituida e assim ela construiu um hospital e uma casa para receber doentes na cidade dando o nome da casa de São Francisco de Assis, que até então era um santo canonizado há apenas um ano. 

Ela trabalhava tanto no hospital que passou a viver lá. Foram quatro anos trabalhando incansavelmente, como boa devota ela prataicava penitências e orava pelos seus doentes conseguindo conversões e curas extraordinárias. 

Ela acabou adoecendo, provevelmente deve ter contraído algum vírus por lidar com doentes e faleceu aos 24 anos de idade. Seu pai, na Hungria quando souberam da sua doença quis trazê-la de volta para tratá-la, mas ela não quis. seu único pedido foi o de ser sepultada na capela do hospital que ela contruiu. 

Por causa dos prodígios e milagres que realizou tanto em vida quanto depois de dua morte o povo pediu e instituiu a sua canonização e assim o Papa Gregório IX iniciou o processo. O Padre Conrado, que acompanhou Santa Elizabeth na ausência do marido fez parte dos estudos no seu processo, assim como as testemunhas dos milagres e curas que aconteceram por sua intercessão e assim atestada a sua veracidade pelos milagres serem inexplicáveis pela ciência ela foi proclamada santa em 1235. 

O simbolismo da carta sugere período de buscas, trabalhar para algo, investimentos, novas chances ou até mesmo um hobby virar profissão. É a carta do investimento sem garantias de nada, porém aqui diferente do Ás de Ouros (que representa uma ideia inicial, o começo, o potencial de realização, não é a ação em si) falamos sobre postura e disponibilidade da pessoa se colocar a serviço desta nova chance ou desta busca do "ter".  Triptólemo está a serviço de Deméter de certa forma, assim como posso fazer a relação com Santa Elisabete, que mesmo rainha, está a serviço dos doentes. Como conselho a carta nos convida a começar a investir ou dedica-se ao futuro. Negativamente (invertida ou como obstáculo) podemos lidar com o desperdício e inércia. 

Bibliografia lida, consultada e de referência para este texto
BANZHAF, Hajo. Curso complleto do tarô. 8.ed. Pensamento: São Paulo. 2012
DONELLI, Isa. Vozes dos Santos - o tarô dos protetores espirituais. 10.ed. Penamento: São Paulo 2012
SHARMAN-BURKE, Juliet e, GREENE, Liz. O Tarô Mitológico. Madras: São Paulo. 2012.
MAZZIERO, Kelma. Cartas na mesa. Agbook: São Paulo. 2015
NAIFF, Nei. Curso completo de tarô. 11.ed. Alfabeto: São Paulo. 2017
VARAZZE, Jacopo de. Tradução de FRANCO JÚNIOR, Hilário. Legenda Aurea - Vida de Santos. Companhia das letras: São Paulo. 2003


sábado, 31 de março de 2018

A Sacerdotisa


Por Christiane Forcinito

Este arcano na mitologia é representado por Perséfone, rainha do submundo, filha de Deméter (a Mãe-Terra) e guardiã dos segredos dos mortos. Conta o mito que ela estava colhendo flores no campo quando Hades se apaixonou e a raptou. No submundo ele a ofereceu uma romã, ela aceitou e comeu. Assim como ela participou da fruta dos mortos ela ficou eternamente ligada ao deus Hades. 

Ela governava o submundo durante três meses do ano e apesar de passar nove meses no mundo da luz com a mãe (acordo que Hermes intercedeu junto de Deméter e Hades e isso estará no texto sobre Deméter ou a Imperatriz do tarô) ela não podia contar os segredos do mundo dos mortos. 

O reino de Hades era cheio de mistérios e era cercado pelo terrível rio Estige. Ninguém podia atravessar o rio sem a permissão de Hades. Quando Hermes, mensageiro dos deuses e guia das almas, escoltavam os heróis excepcionais só o fazia com a permissão de Hades. Inclusive as almas dos mortos não podiam atravessar o rio sem pagar uma moeda ao Caronte, o velho barqueiro encarregado da travessia do rio e quem o fizesse teria de enfrentar Cérbero, o terrível cão de três cabeças que devorava qualquer um que se atrevesse a desrespeitar as leis, desta forma, quando Perséfone comeu a romã ela deixava para trás sua infância inocente tornando-se guardiã deste mundo cheio de segredos e sombrio. 

No tarô dos Santos (que tenho me debruçado a estudar e ainda acredito que podem haver mudanças), ela é representada por Santa Ágata, padroeira das doenças mamárias. O que se falam dela foi passado de geração em geração. O que sabemos mesmo é que ela realmente existiu e foi brutalmente martirizada. 

Ela  viveu nos anos 235 à 251, era uma mulher muito bonita e pertencia a uma família nobre. Por amor a Deus ela fez um voto de castidade e se consagrou. O governador Quinciano sabendo sobre sua beleza e grande riqueza resolveu acusá-la do "crime" de pertencer à religião cristã e mandou prendê-la. Ele a conhecendo e tomado de paixão se atreveu a fazer diversas propostas indecentes. Ágata, indignada o rejeitou e preferiu morrer a macular o nome de cristã. Quinciano aparentemente desistiu de seus planos e a entregou aos "cuidados" de uma mulher livre chamada Afrodísia. Por 30 dias ela tentou mudar os conceitos de Ágata e não conseguiu a devolvendo para o governador. E assim começou seu longo e violento martírio culminando em sua morte. 

Há um episódio que a fez ser padroeira das doenças mamárias. Depois de um longo tribunal onde ela continuou firme em seus princípios o tirano ordenou que ela fosse esticada, seus membros desconjuntados, seu corpo queimado com chapas de cobre em brasa e seus seios mutilados. Quando ela ouviu a sentença ela respondeu ao Juiz: "Não te envergonhas de mutilar numa mulher o que tua mãe te deu para te aleitar?"

O conjunto simbólico de ambas sugere um grande poder feminino simbolizando intuição e fecundação. Há uma força pessoal retida e que não será revelada facilmente e  por isso a carta sugere reflexão. Elas protegem segredos da alma humana, o inconsciente. É o arquétipo do feminino que encontra na passividade a sua força. Há também uma confiança inexplicável, mas profundamente enraizada. 

O signifcado da Sacerdotisa dependendo do contexto pode sugerir impotência, medo de agir por medo de errar. Também pode significar sabedoria na passividade, convite a observar mais do que agir, seguir a intuição, ouvir a intuição, conhecimento através da reflexão, fidelidade aos princípios, segredo sobre o que deseja, sentimento contido ou não revelado. Quando está em posição desfavorável sugere precipitação e insegurança. 

Bibliografia lida, consultada e de referência para este texto
BANZHAF, Hajo. Curso complleto do tarô. 8.ed. Pensamento: São Paulo. 2012
DONELLI, Isa. Vozes dos Santos - o tarô dos protetores espirituais. 10.ed. Penamento: São Paulo 2012
SHARMAN-BURKE, Juliet e, GREENE, Liz. O Tarô Mitológico. Madras: São Paulo. 2012.
MAZZIERO, Kelma. Cartas na mesa. Agbook: São Paulo. 2015
NAIFF, Nei. Curso completo de tarô. 11.ed. Alfabeto: São Paulo. 2017
VARAZZE, Jacopo de. Tradução de FRANCO JÚNIOR, Hilário. Legenda Aurea - Vida de Santos. Companhia das letras: São Paulo. 2003

quinta-feira, 29 de março de 2018

Conselho da Rainha de Ouros


Por Christiane Forcinito

Hoje o conselho vem através do mito de Onfale, que é conhecida por sua capacidade poderosa de dominação utilizando - se somente dos atributos femininos como a beleza e  a inteligência, tendo, inclusive, tido Hércules como seu escravo.

Conta em um dos ciclos da história de Hércules (o dos seus piores momentos) que ele foi parar na Ásia onde foi condenado a escravizar-se por três anos e assim ele foi vendido à Rainha Onfale. Ela se apaixonou por ele e concedeu-lhe a liberdade, mas ele também a amava e preferiu permanecer submisso ao seu lado, submetendo-se à todos os seus caprichos.

Um dos exemplos mais conhecido é de quando Onfale ordenava a seu escravo a vestir-se de mulher e, pegando no fuso e na roca, sentava-se humildemente aos seus pés, a fiar lã, enquanto ela com porte altivo e guerreiro, vestia-se da pele do leão de Nemés, e empunhava a clave de herói.

Este fato é citado com a finalidade de mostrar o poder da mulher sobre o homem, ou também a força da sedução e da astúcia sobre a força bruta.

Ela também era quem dirigia os recursos financeiros da própria vida e, além disso, era segura, diligente, bondosa, cuidadosa, aberta e receptiva aos prazeres da vida.

Esta mulher autossuficiente, sensual, forte e trabalhadora deixa como conselho para termos calma, autoconfiança, firmeza em nosso propósito e autocontrole se quisermos proteger nossas conquistas, porém não devemos nos esquecer de sermos também generosos.

No tarô dos Santos (que eu descobri e tenho estudado também) a carta correspondente é a da Santa Matilde. Ela era generosa ao ajudar os outros, erigiu escolas e abadias e por isso é vista como a mulher que sabe lidar com os recursos que possui trazendo estabilidade em tudo que toca.

E que nós sejamos como estas mulheres, ciente do nosso poder erigimos metas, recursos e a nossa própria vida.

Bibliografia lida, consultada e de referência para este texto
SHARMAN-BURKE, Juliet e GREENE, Liz. O Tarô Mitológico. Madras: São Paulo.2012.
DONELLI, Isa. Vozes dos Santos - O tarô dos protetores espirituais.10ed. Pensamento: 2012.
VARAZZE, Jacopo de. Tradução de FRANCO JÚNIOR, Hilário. Legenda Aurea - Vida de Santos. Companhia das letras: 2003.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Boa filha a casa torna

Tarot medieval

Neste texto irei contar a minha história com o tarô e a astrologia. Abri este blog em 2012, porém tiveram outros antes que eu acabei fechando as visualizações. Este aqui ficará aberto e darei continuidade por aqui.

O Tarô veio antes da astrologia e é uma paixão desde meus 9 anos de idade (1981), quando comecei a estudá-lo através de uma revista chama "A sua sorte". Era difícil ter de esperar as 6 cartas na semana seguinte e demorei 13 semanas para unir todo o baralho. E por muito tempo usei apenas os arcanos maiores na minha leitura. Somente aos 16 anos (1989) iniciei meus estudos na astrologia com o astrólogo e ainda amigo Márcio Cassoni.

Eu e meu professor e grande amigo Márcio Cassoni em Outubro 2017


De lá para cá foram muitos anos. Comecei lendo cartas e fazendo mapas para amigos e familiares. Comecei a ler para estranhos trabalhando em feiras esotéricas e beneficentes, tudo muito informal até que eles acabaram se tornando meu "ganha pão" dos 23 aos 25 anos, mas quando me casei em 1998 guardei este conhecimento por 12 anos em uma caixinha, pois me converti ao catolicismo. Não deixei de gostar ou acreditar, entretanto resolvi guardá-lo como um ato de fé e amor justamente pela minha imaturidade e por não compreender naquele tempo a dimensão deste conhecimento.

Imagem digitalizada de um antigo cliente meu. O mapa eram desenhado


Retornei aos estudos em 2008 quando cursava filosofia e história, porém como estudante de filosofia isso era mal visto pela academia e por isso me calei e continuei de forma bem vagarosa rever o que eu havia estudado no passado.

Em 2010, depois do meu divórcio retomei com mais atenção. Naquela época comecei a ir em encontros, bate papos, palestras, fóruns, porém tudo mais voltado para a astrologia. O tarô ainda caminhava a caminhos mais lentos. Eu precisava amadurecer em muitos aspectos, havia ainda um preconceito da minha parte por não se ver "vivendo disso" e em 2010 a fotografia me tirou do limbo e fez com que eu me dedicasse apaixonadamente todo tempo para isso.

Entre os astrólogos e amigos que admiro Elias Mendes, Lúcia Mazzini (in memoriam) e Miguel Etchepare


Foi quando, em 2011, eu acabo conhecendo através do grupo "Astrólogos" no Facebook onde eu era moderadora, aquela que se tornaria uma das minhas melhores amigas, a Patrícia Kroger e junto dela e da Ruth Sasaki (conheci no mesmo ano) passamos a nos encontrar todas segundas à noite para estudarmos astrologia horária e depois o tarô. Este trio ficou unido por um ano e depois por conta das nossas vidas demos um tempo, mas a minha amizade com a Patrícia se consolidou e voltamos e toda sexta à tarde passamos a nos encontrar para estudar, foi quando comecei a estudar os arcanos menores e ficamos assim até 2016. Nós duas tínhamos muito em comum. Além da astrologia e do tarot somos fotógrafas e amamos lutas marciais, pelo fato dela ser tão plural como eu isso me ajudou muito no meu processo e amadurecimento.

A minha bbf Patrícia Kroger


Acabo abrindo este blog em 2012, pois novamente coloquei a minha atenção no tarô estudando os arquétipos, mas novamente mudei o foco porque eu comecei um curso de constelação (já participava de constelações há dois anos) e estava cursando a minha primeira pós graduação em educação. Neste mesmo ano também fui convidada a trabalhar em um projeto teatral como fotógrafa e aceitei feliz da vida colhendo muitos frutos deste trabalho ainda hoje.

No bar com amiga Gil 
ensinando filhinha 


 Mesmo assim eu continuava me encontrando com a Patrícia e estudando com ela, ensinava minha filha Sophia e fazia alguns atendimentos. Até em mesa de bar fiz atendimentos. O tarô me pagou muita cerveja (risos)



Em 2013, ano muito transformador, eu me torno consteladora sistêmica. O tarô e a astrologia continuaram escondidinhos, pois eu não queria que vissem a constelação como um ramo do esoterismo (sim, eu sei, aí está o meu preconceito). Neste mesmo ano eu ainda trabalhava no projeto teatral e como professora em uma escola, minhas constelações foram enveredando para a educação e coloquei foco em estudar a teoria das constelações aplicando-as na educação. Durante os anos na escola a direção não gostava disso e isso foi o fator determinante para a minha demissão em 2017. Isso contribuía para o meu preconceito, pois se nem as constelações eram bem vistas imagina o que pensariam em relação ao tarô e a astrologia...

Este sentimento começou a mudar em 2015 quando ministrei o meu primeiro curso de tarô mitológico e estudando mais para montar as aulas e ensinar com responsabilidade tive o "eureca". A partir disso retomei os estudos com o tarô de forma mais sistemática me focando nos mitos e nas diferenças entre as cartas de tarô.

Já no ano seguinte foi maravilhoso. Eu estava namorando e apaixonada e trabalhava com todas as minhas facetas. Tudo frutificou. Eu dava aulas de filosofia, sociologia e história em uma escola particular, constelava clientes uma vez por semana, atendi pessoas com a astrologia e com o tarô (percebi que eu lado mais forte é o tarot), ministrei mais dois cursos de tarô mitológico para iniciantes e tudo foi tomando forma. Claro que esta mudança de visão veio ao encontro com um processo de amadurecimento, autoconhecimento e empoderamento pessoal.

Turma linda de tarô mitológico

Em 2017 a vida me breca, dois meses antes de janeiro passei por mais uma separação e me vi sozinha novamente. Senti que era o momento de estudar mais, embora neste ano as atividades ficaram mais focadas na escola e nas constelações o estudo do tarot tomou mais forma e seriedade. Neste ano trabalhei pouco com fotografia, com a astrologia, com o tarot e comecei a minha segunda pós graduação em pedagogia sistêmica.

Folder de palestra 

Fui demitida da escola em Dezembro de 2017 e eu já estava estudando o tarô de forma mais séria à algum tempo e assim volto aos atendimentos com as cartas. Estes atendimentos junto com as constelações tem pagado as minhas contas desde então.



Neste último fim de semana (24/25 de Março) na pós graduação que curso sobre pedagogia sistêmica em um exercício vivencial revemos a nossa "linha do tempo acadêmica" e neste pude comprovar o quanto meu caminho na astrologia e no tarô choravam e se entristeciam comigo por eu não dar a devida atenção. Eu me reconciliei, reconheci meu preconceito e feito isso ambos (principalmente o Tarô) tomou uma força incrível agregando tudo que sou hoje. Acho que só quem já passou por uma constelação (assistindo, participando ou constelando) vai compreender este meu último parágrafo.

E assim chego a este ponto de minha estrada retomando este blog. Espero não só dar conta de tudo que faço e estudo como também que vocês gostem. Quero que este blog seja um lugar seguro para todos aqueles que, como eu, procurem por boas referências.

No mais para quem quiser há ainda a minha página no Facebook e no Instagram onde escrevo conselhos diários do Tarô. Quem quiser consultas podem entrar em contato comigo por e-mail no christiane.forcinito@hotmail.com ou pelo telefone/WhatsApp 11 993839867

Atenciosamente

Christiane Forcinito.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Jornada nos arquétipos do Tarô




Por Christiane Forcinito

No primeiro artigo deste blog não é da minha autoria, porque montei o blog neste mesmo dia e tinha pressa em iniciar o caminho, bem como divulgá-lo também. Procurei um bom texto não se preocupem. Continuando o projeto deste blog escrevi o segundo artigo sobre a questão das imagens arquetípicas deste e como prometi vamos ao nosso terceiro passo.

Este terceiro artigo eu escreverei sobre a jornada no Tarô, isto é, as cartas foram enumeradas segundo uma ordem e esta ordem não é aleatória em si. Há um significado. Sua ordem nos mostra uma pré-idéia dos tipos de experiências ou mesmo pessoas que podemos esperar encontrar ao longo da nossa própria vida.

Cada carta possui sua projeção, podemos chamar projeção o processo inconsciente e autônomo pelo qual vemos nas pessoas e ou acontecimentos e que no fundo são nossas. Esta projeção acontece inconscientemente, ou seja, nossa psique age de forma natural.

Nesta Jornada estaremos utilizando as cartas como detentores da projeção, pois estas representam simbolicamente as forças instintuais que nos fazem agir de maneira automática (na maioria das vezes) na nossa psique. Esta que Jung chama de arquétipos.

Montamos uma espécie de Mapa das cartas:




Eles estão dispostos em seqüência, formando três fileiras horizontais de sete cartas cada uma. O louco não tem posição fixa. 

E assim começamos nossa Jornada.

Na primeira fileira as sete cartas representam os arquétipos dos principais personagens entronizados numa corte celestial, seria o reino dos deuses. São as nossas bases.

O Louco, ou a carta 0 está só na fila superior. Ele é o arquétipo daquele que pode olhar para a vida de todos e entrar na vida de qualquer um, ou seja , em miúdos pode mos associar sua imagem de duas formas: A primeira como o vê quando o encontramos e a segunda como o vivemos.

O louco é o arquétipo do vagabundo que despreocupadamente segue teu caminho viajando sem destino. Quando o encontramos reagimos de diversas formas, pois este arquétipo não deixa de representar um aspecto inconsciente de nós mesmos. Uns o olharão com empatia fazendo-o lembrar dos dias vividos na mocidade em que viviam sem muitas responsabilidades, outros que nunca viveram a “loucura” da mocidade se sentirão atraídos também justamente pelo aspecto não vivido. Negativamente alguns o olharão e passarão longe, pois se o ajudassem provavelmente tentariam recolocá-lo na sociedade segundo seus próprios padrões.

Quando encontramos um arquétipo não somos nós quem deve mudá-los e sim compreendê-los para que nós possamos nos libertar da compulsão que este nos faz sentir e é justamente este o exame o qual o Tarô nos permite realizar a cerca de nós mesmos e nossos padrões a começar pela carta 0.




Continuando vamos à carta 1 ou o Mago. Ele nos chama atenção ao fato de executar sua magia e nos inebriar, por mais que sabemos que tudo é um truque mesmo assim paramos para observar e olhar. Sobre seu arquétipo podemos dizer que dentro de nós habitamos um mundo de mistérios e magias , um mundo longe de qualquer parâmetro de espaço e tempo e além do alcance da lógica. Todos precisam de magia em  suas vidas de alguma forma, ao mesmo tempo estão tentando unir a magia e a realidade e assim fenômenos que outrora eram considerados sem explicação hoje já possui lógica. E isso se chama o mago em todos nós.

A Papisa por sua vez representa o arquétipo feminino, a fecundação. É o arquétipo da Virgem. A humilde receptividade do espírito e até mesmo na gravidez a receptividade de um novo espírito. É a mulher forte que segura o fardo sozinha sem perder seu lado feminino. Ela representa o feminino em todas as formas, diferente da Imperatriz, por exemplo, que representa a mãe. É o feminino passivo, a espera, a fé e a sabedoria.

Já a Imperatriz e aqui já escrevo também sobre o Imperador representam a mãe e o pai. A imperatriz é a criatividade unida a força ativa da mulher, é a mulher que enfrenta a vida, a mãe que protege e luta pelos filhos , a que nutre . É a mãe Terra em seu sentido mais amplo. O Imperador, por sua vez, é o masculino e seu equilíbrio entre o ter e o ser. É a autoridade paterna , o provedor.

O Papa logo em seguida nos leva ao arquétipo do sábio mediador, ou aquele que une os dois mundos, diferente do mago que habita o mundo da magia este aqui leva-nos ao caminho também, de certa forma, intangível, mas seguro da fé. Este homem é de caráter institucionalizado, diferente do Eremita que surge mais como um sábio asceta. 

A carta que segue o Papa é o arcano 6 “Enamorados”, diferente do que se acha esta carta ela não significa amor e sim dúvida, embora tenha o arquétipo de Eros nela (o cupido) este arcano nos coloca numa situação arquetípica do triangulo. Quem nunca esteve entre dois caminhos ou entre duas pessoas. O rapaz no centro como demonstra a carta é o ego jovem , este ego, que é o centro da consciência, ainda está preso aos arquétipos parentais. Ele até pode decidir sozinho mas ainda não é dono de si pois está preso entre duas mulheres.

O Carro é o arquétipo do veículo físico do homem, a expressão do poder material. Aqui na carta mostra jovem soberano que sabe como dirigir a sua vida, ou melhor, aquele que encontrou um meio, modo de conduzir a vida, porém o carro por si só não faz nada se não for bem conduzido.

Na segunda fileira estamos lidando com o reino da realidade terrestre ou da consciência do ego. A fileira acima representa a família ou pessoas arquetípicas que nos cria, logo na segunda fileira saímos desta família para buscar a nossa vocação, ou melhor assumir nosso lugar na ordem social. Também podemos pensar nesta segunda fileira como o reino do equilíbrio ou as diversas maneiras de encontrá-lo.




A primeira carta da segunda fileira é a Justiça, nem é preciso explicar o arquétipo de justiça não é, porém a nível de assumir o lugar no mundo esta carta na jornada arquetípica mostra a importância em termos valores, isto é, na realidade terrestre é imprescindível que tenhamos nosso sistema de moral e justiça. A justiça é o arquétipo também da inteligência cósmica, aquela ao qual ninguém está livre, isto é , é a noção de crédito e débito do homem no curso de seu caminho.

Depois da Justiça encontramos a carta do Eremita, ou seja, se nós não encontrarmos respostas lá fora (em alguma religião, por exemplo) cá estamos convidados a encontrar o eremita dentro de nós, ou até mesmo em algum mestre, professor.O eremita é o arquétipo da sabedoria refletindo-se na matéria.

A roda da fortuna, por sua vez é o símbolo da força da vida que sempre dá voltas. É o movimento incessante desta que opera além do nosso controle. Seria o arquétipo do destino.

A Força, representa o herói que todos nós temos dentro de nós, ou seja, o dominar a si mesmo. Ao domar a fera estamos domando as feras dentro de nós e assim fortes para a conquista do mundo. É o arquétipo da vontade.

O Enforcado representa um atraso, uma parada, o desamparo, isto é esta carta representa um momento em que devemos avaliar a ordem das prioridades. Quando nos encontramos “dependurados” ou “enforcados” somos forçados a parar e pensar e reavaliarmos. É o arquétipo do sacrifício.

Seguindo chegamos a tão temida Morte. Esta representa a profunda transformação. Um novo ciclo. É o espírito da carta anterior, o enforcado, que conduz a luz. Poda daquilo que estava cristalizado. É o arquétipo da profunda transformação.

Depois da Morte encontramos a Temperança que fecha a segunda fileira anunciando um recomeço o qual situações e emoções começam a fluir, porém estas necessitam de constância e equilíbrio. Aqui estamos diante do arquétipo do equilíbrio entre razão e emoção.

Na terceira fileira chamamos (estes próximos arcanos) de reino da iluminação celestial ou da auto-realizarão, ou seja, depois de passarmos pela infância vivendo com os arquétipos pessoais, passamos pelo aprendizado e aqui utilizamos daquilo que aprendemos para seguir nosso caminho individual usando do nosso conhecimento e lidando com os fatores externos a nós.




Esta fileira é iniciada pela carta do Diabo ou seja o arquétipo dos desejos, do ego. Nossa primeira tarefa lidar com o nosso ego e desejos.

Seguida dela temos a carta da Torre é o arquétipo da Torre de Babel o qual foi construída com o intuito de se sobrepor a Deus. Esta construção confusa indica o efêmero e os limites, em outras palavras as Torre representa o cair na realidade, mostra quão efêmero estão algumas de nossas construções mentais. Quando crescemos acabamos lidando com limites, caímos na realidade.

Seguida à Torre temos as três luminares: Estrela, Lua e Sol que retratam as fases de iluminação em ordem ascendente, A estrela como arquétipo da esperança e dos pedidos ( quem nunca fez um pedido à Estrela), a Lua como arquétipo da sombra e o sol como o arquétipo de grande luz, a lucidez.

Passando por todo este caminho chegamos a carta do Julgamento o qual vem anunciar que é hora de separar o joio do trigo, é quando tudo será julgado para começar um novo tempo em plena plenitude. E finalizando o ciclo está a carta do Mundo onde há o arquétipo do triunfo total sobre todos os mundos, é o universo em sua plenitude.

Os arquétipos estão vivos dentro de nós e a jornada é longa, pois mesmo analisando um a um e relacionando-os nas três fileiras temos apenas uma visão global do que estes são. Há também dentro desta jornada interconexões no eixo vertical também de modo que há sete fileiras verticais de três cartas cada uma a qual estão ligadas e possuem sua significação.

Seguindo esta lógica para uma maior visualização temos na primeira linha vertical o mago, a justiça (intermediando, no meio) e o Diabo abaixo, ou seja, muitas conexões podem ser feitas a nível destas três cartas. Elas possuem sua lógica e se analisarmos as outras fileiras verticais veremos esta lógica em cada fileira, porém, pararei por aqui e a partir do próximo artigo vamos analisar carta por carta, sua história, significados e claro que arquétipos também.



Convido todos a seguir esta viagem comigo e a compartilhares conhecimentos também. 



Bibliografia lida, consultada e de referência
GAD, Irene. Tarô e Individuação. Mandarim: São Paulo. 1996
GILLES, Cynthia. O Tarô: Uma História Crítica (dos primórdios medievais à experiência quântica). Pioneira: São Paulo, 1994. 
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica. 10ed. Cultrix: São Paulo. 2000.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tarô e Imagens arquetípicas




Por Christiane Forcinito

Vivemos em um mundo verbal e de uma rapidez enorme, isto é, hoje em dia não temos muito tempo para o aprofundamento do conhecimento ou mesmo o autoconhecimento.

A maioria do conhecimento é processada apenas na superfície. Não se há mais necessidade de leituras visto que qualquer informação é encontrada no “Google”. Até mesmo as faculdades hoje estão nesta rapidez com seus cursos à distância e cursos em dois anos. Hoje todo mundo sabe de tudo um pouco. Quer parecer inteligente basta entrar no “pensador” e extrair a citação que lhe cabe naquele momento. Todos passam a “Curtir” e assim você passa a ser considerado inteligente. O conhecimento foi banalizado.

A nível do emocional tudo se torna mais grave. Não temos tempo para curar nossas feridas ou o luto. Não temos tempo para a maternidade ou paternidade. Tudo se mostra necessário para ontem. Os consultórios psicológicos e psiquiátricos lotam e na pressa da resolução de problemas emocionais os remédios se tornam uma opção.

No fim das contas chora-se pelo passado, visa o futuro e se esquecem do presente. Tudo é processado rapidamente e nada é apreendido como deveria.

O Tarô com sua linguagem pictórica não- verbal nos convidam a uma viagem às nossas profundezas. Convida-nos ao que falta hoje no mundo. Convida-nos a contemplação, análise e ao aprendizado não superficial de nós mesmos, do mundo, das pessoas e ações. Como escreve Sallie Nichols:

 “nasceram num tempo em que o misterioso e o irracional tinham mais realidade que hoje, trazem-nos uma ponte efetiva para a sabedoria ancestral do nosso eu mais íntimo. E uma nova sabedoria é a grande necessidade do nosso tempo – sabedoria para resolver nossos problemas pessoais e sabedoria para encontrar respostas criativas às perguntas universais que a todos nos confrontam” (P.18) [1]

As 22 cartas do Tarô chamadas Arcanos Maiores possuem uma lógica intrínseca a vida. Não é a toa que inicia no o 0 e termina no XXI,ou seja, estão arrumados em uma sequência a qual uma história é contada por imagem. Como este será assunto do meu próximo artigo, Voltemos aos arquétipos.




Eu particularmente sempre gostei do Tarô de Marselha (o uso desde que iniciei), pois este preserva o tom e estilos dos desenhos mais antigos. O seu desenho transcende o pessoal e principalmente, não há provas, por exemplo, que tenha sido criado por um indivíduo como acontece com as atuais cartas de Tarô. Não estou afirmando que as cartas caíram do céu ou que as mesmas possuem caráter miraculoso. O que quero dizer é que estas são tão antigas que ainda possuem a originalidade de teu início. Até mesmo as cartas atuais foram tomadas de empréstimos de outros sistemas e por isso reafirmo que encontro no Tarô de Marselha a origem.

Os arquétipos estão ligados à origem, pois estas representam simbolicamente as forças instintivas que operam autonomamente em nosso inconsciente. Os arquétipos são os instintos da psique, assim como há o instinto em nosso corpo.  Não podemos ver as forças arquetípicas assim como vemos em nosso corpo, porém as experimentamos em sonhos e visões, porém é na meditação é que podemos perceber tua ação, trazê-las para o consciente e assim não só nos autoconhecer, mas conhecer o outro, o mundo, as ações, etc.

As imagens todavia podem até mudar de cultura em cultura ou mesmo a nível pessoal, porém o seu caráter essencial é universal. Não há quem não saiba sobre os arquétipos de mãe, pai, o enamorado, o mago, o louco, o diabo, o ermitão por exemplo...

Compreendendo os arcanos do tarô podemos adentrar nos arquétipos que adentram nosso inconsciente e assim vivenciar o que há de mais profundo em nós. O tarô com sua linguagem pictórica não- verbal mostra uma significativa compreensão da natureza da consciência, em outras palavras, as cartas, imagens nos mostram padrões profundos de nosso inconsciente coletivo nos dando acesso à percepção destes padrões que nos permeiam.

Sendo assim o tarô é um dos instrumentos (deve ser usado com responsabilidade) o qual podemos utilizar para nosso autoconhecimento e conhecimento de todos os aspectos e processos que universalmente vivemos. Está na vida, no mundo e em todos nós.

Sejam bem vindos ao meu blog e a esta “viagem”.

[1] NICHOLS, Sallie. “Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica” 10ed. Cultrix: São Paulo. 

Bibliografia lida, consultada e de referência
GAD, Irene. Tarô e Individuação. Mandarim: São Paulo. 1996
GILLES, Cynthia. O Tarô: Uma História Crítica (dos primórdios medievais à experiência quântica). Pioneira: São Paulo, 1994. 
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica. 10ed. Cultrix: São Paulo. 2000.