quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

A Jornada nos arquétipos do Tarô




Por Christiane Forcinito

No primeiro artigo deste blog não é da minha autoria, porque montei o blog neste mesmo dia e tinha pressa em iniciar o caminho, bem como divulgá-lo também. Procurei um bom texto não se preocupem. Continuando o projeto deste blog escrevi o segundo artigo sobre a questão das imagens arquetípicas deste e como prometi vamos ao nosso terceiro passo.

Este terceiro artigo eu escreverei sobre a jornada no Tarô, isto é, as cartas foram enumeradas segundo uma ordem e esta ordem não é aleatória em si. Há um significado. Sua ordem nos mostra uma pré-idéia dos tipos de experiências ou mesmo pessoas que podemos esperar encontrar ao longo da nossa própria vida.

Cada carta possui sua projeção, podemos chamar projeção o processo inconsciente e autônomo pelo qual vemos nas pessoas e ou acontecimentos e que no fundo são nossas. Esta projeção acontece inconscientemente, ou seja, nossa psique age de forma natural.

Nesta Jornada estaremos utilizando as cartas como detentores da projeção, pois estas representam simbolicamente as forças instintuais que nos fazem agir de maneira automática (na maioria das vezes) na nossa psique. Esta que Jung chama de arquétipos.

Montamos uma espécie de Mapa das cartas:




Eles estão dispostos em seqüência, formando três fileiras horizontais de sete cartas cada uma. O louco não tem posição fixa. 

E assim começamos nossa Jornada.

Na primeira fileira as sete cartas representam os arquétipos dos principais personagens entronizados numa corte celestial, seria o reino dos deuses. São as nossas bases.

O Louco, ou a carta 0 está só na fila superior. Ele é o arquétipo daquele que pode olhar para a vida de todos e entrar na vida de qualquer um, ou seja , em miúdos pode mos associar sua imagem de duas formas: A primeira como o vê quando o encontramos e a segunda como o vivemos.

O louco é o arquétipo do vagabundo que despreocupadamente segue teu caminho viajando sem destino. Quando o encontramos reagimos de diversas formas, pois este arquétipo não deixa de representar um aspecto inconsciente de nós mesmos. Uns o olharão com empatia fazendo-o lembrar dos dias vividos na mocidade em que viviam sem muitas responsabilidades, outros que nunca viveram a “loucura” da mocidade se sentirão atraídos também justamente pelo aspecto não vivido. Negativamente alguns o olharão e passarão longe, pois se o ajudassem provavelmente tentariam recolocá-lo na sociedade segundo seus próprios padrões.

Quando encontramos um arquétipo não somos nós quem deve mudá-los e sim compreendê-los para que nós possamos nos libertar da compulsão que este nos faz sentir e é justamente este o exame o qual o Tarô nos permite realizar a cerca de nós mesmos e nossos padrões a começar pela carta 0.




Continuando vamos à carta 1 ou o Mago. Ele nos chama atenção ao fato de executar sua magia e nos inebriar, por mais que sabemos que tudo é um truque mesmo assim paramos para observar e olhar. Sobre seu arquétipo podemos dizer que dentro de nós habitamos um mundo de mistérios e magias , um mundo longe de qualquer parâmetro de espaço e tempo e além do alcance da lógica. Todos precisam de magia em  suas vidas de alguma forma, ao mesmo tempo estão tentando unir a magia e a realidade e assim fenômenos que outrora eram considerados sem explicação hoje já possui lógica. E isso se chama o mago em todos nós.

A Papisa por sua vez representa o arquétipo feminino, a fecundação. É o arquétipo da Virgem. A humilde receptividade do espírito e até mesmo na gravidez a receptividade de um novo espírito. É a mulher forte que segura o fardo sozinha sem perder seu lado feminino. Ela representa o feminino em todas as formas, diferente da Imperatriz, por exemplo, que representa a mãe. É o feminino passivo, a espera, a fé e a sabedoria.

Já a Imperatriz e aqui já escrevo também sobre o Imperador representam a mãe e o pai. A imperatriz é a criatividade unida a força ativa da mulher, é a mulher que enfrenta a vida, a mãe que protege e luta pelos filhos , a que nutre . É a mãe Terra em seu sentido mais amplo. O Imperador, por sua vez, é o masculino e seu equilíbrio entre o ter e o ser. É a autoridade paterna , o provedor.

O Papa logo em seguida nos leva ao arquétipo do sábio mediador, ou aquele que une os dois mundos, diferente do mago que habita o mundo da magia este aqui leva-nos ao caminho também, de certa forma, intangível, mas seguro da fé. Este homem é de caráter institucionalizado, diferente do Eremita que surge mais como um sábio asceta. 

A carta que segue o Papa é o arcano 6 “Enamorados”, diferente do que se acha esta carta ela não significa amor e sim dúvida, embora tenha o arquétipo de Eros nela (o cupido) este arcano nos coloca numa situação arquetípica do triangulo. Quem nunca esteve entre dois caminhos ou entre duas pessoas. O rapaz no centro como demonstra a carta é o ego jovem , este ego, que é o centro da consciência, ainda está preso aos arquétipos parentais. Ele até pode decidir sozinho mas ainda não é dono de si pois está preso entre duas mulheres.

O Carro é o arquétipo do veículo físico do homem, a expressão do poder material. Aqui na carta mostra jovem soberano que sabe como dirigir a sua vida, ou melhor, aquele que encontrou um meio, modo de conduzir a vida, porém o carro por si só não faz nada se não for bem conduzido.

Na segunda fileira estamos lidando com o reino da realidade terrestre ou da consciência do ego. A fileira acima representa a família ou pessoas arquetípicas que nos cria, logo na segunda fileira saímos desta família para buscar a nossa vocação, ou melhor assumir nosso lugar na ordem social. Também podemos pensar nesta segunda fileira como o reino do equilíbrio ou as diversas maneiras de encontrá-lo.




A primeira carta da segunda fileira é a Justiça, nem é preciso explicar o arquétipo de justiça não é, porém a nível de assumir o lugar no mundo esta carta na jornada arquetípica mostra a importância em termos valores, isto é, na realidade terrestre é imprescindível que tenhamos nosso sistema de moral e justiça. A justiça é o arquétipo também da inteligência cósmica, aquela ao qual ninguém está livre, isto é , é a noção de crédito e débito do homem no curso de seu caminho.

Depois da Justiça encontramos a carta do Eremita, ou seja, se nós não encontrarmos respostas lá fora (em alguma religião, por exemplo) cá estamos convidados a encontrar o eremita dentro de nós, ou até mesmo em algum mestre, professor.O eremita é o arquétipo da sabedoria refletindo-se na matéria.

A roda da fortuna, por sua vez é o símbolo da força da vida que sempre dá voltas. É o movimento incessante desta que opera além do nosso controle. Seria o arquétipo do destino.

A Força, representa o herói que todos nós temos dentro de nós, ou seja, o dominar a si mesmo. Ao domar a fera estamos domando as feras dentro de nós e assim fortes para a conquista do mundo. É o arquétipo da vontade.

O Enforcado representa um atraso, uma parada, o desamparo, isto é esta carta representa um momento em que devemos avaliar a ordem das prioridades. Quando nos encontramos “dependurados” ou “enforcados” somos forçados a parar e pensar e reavaliarmos. É o arquétipo do sacrifício.

Seguindo chegamos a tão temida Morte. Esta representa a profunda transformação. Um novo ciclo. É o espírito da carta anterior, o enforcado, que conduz a luz. Poda daquilo que estava cristalizado. É o arquétipo da profunda transformação.

Depois da Morte encontramos a Temperança que fecha a segunda fileira anunciando um recomeço o qual situações e emoções começam a fluir, porém estas necessitam de constância e equilíbrio. Aqui estamos diante do arquétipo do equilíbrio entre razão e emoção.

Na terceira fileira chamamos (estes próximos arcanos) de reino da iluminação celestial ou da auto-realizarão, ou seja, depois de passarmos pela infância vivendo com os arquétipos pessoais, passamos pelo aprendizado e aqui utilizamos daquilo que aprendemos para seguir nosso caminho individual usando do nosso conhecimento e lidando com os fatores externos a nós.




Esta fileira é iniciada pela carta do Diabo ou seja o arquétipo dos desejos, do ego. Nossa primeira tarefa lidar com o nosso ego e desejos.

Seguida dela temos a carta da Torre é o arquétipo da Torre de Babel o qual foi construída com o intuito de se sobrepor a Deus. Esta construção confusa indica o efêmero e os limites, em outras palavras as Torre representa o cair na realidade, mostra quão efêmero estão algumas de nossas construções mentais. Quando crescemos acabamos lidando com limites, caímos na realidade.

Seguida à Torre temos as três luminares: Estrela, Lua e Sol que retratam as fases de iluminação em ordem ascendente, A estrela como arquétipo da esperança e dos pedidos ( quem nunca fez um pedido à Estrela), a Lua como arquétipo da sombra e o sol como o arquétipo de grande luz, a lucidez.

Passando por todo este caminho chegamos a carta do Julgamento o qual vem anunciar que é hora de separar o joio do trigo, é quando tudo será julgado para começar um novo tempo em plena plenitude. E finalizando o ciclo está a carta do Mundo onde há o arquétipo do triunfo total sobre todos os mundos, é o universo em sua plenitude.

Os arquétipos estão vivos dentro de nós e a jornada é longa, pois mesmo analisando um a um e relacionando-os nas três fileiras temos apenas uma visão global do que estes são. Há também dentro desta jornada interconexões no eixo vertical também de modo que há sete fileiras verticais de três cartas cada uma a qual estão ligadas e possuem sua significação.

Seguindo esta lógica para uma maior visualização temos na primeira linha vertical o mago, a justiça (intermediando, no meio) e o Diabo abaixo, ou seja, muitas conexões podem ser feitas a nível destas três cartas. Elas possuem sua lógica e se analisarmos as outras fileiras verticais veremos esta lógica em cada fileira, porém, pararei por aqui e a partir do próximo artigo vamos analisar carta por carta, sua história, significados e claro que arquétipos também.



Convido todos a seguir esta viagem comigo e a compartilhares conhecimentos também. 



Bibliografia lida, consultada e de referência
GAD, Irene. Tarô e Individuação. Mandarim: São Paulo. 1996
GILLES, Cynthia. O Tarô: Uma História Crítica (dos primórdios medievais à experiência quântica). Pioneira: São Paulo, 1994. 
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica. 10ed. Cultrix: São Paulo. 2000.

Um comentário:

  1. Cris,
    Achei muito interessante esta descrição. Continuarei a viagem :)
    Já li as outras postagens e gostei muito.
    Até breve.

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