Por Christiane Forcinito
Vivemos
em um mundo verbal e de uma rapidez enorme, isto é, hoje em dia não temos muito
tempo para o aprofundamento do conhecimento ou mesmo o autoconhecimento.
A
maioria do conhecimento é processada apenas na superfície. Não se há mais
necessidade de leituras visto que qualquer informação é encontrada no “Google”.
Até mesmo as faculdades hoje estão nesta rapidez com seus cursos à distância e cursos
em dois anos. Hoje todo mundo sabe de tudo um pouco. Quer parecer inteligente
basta entrar no “pensador” e extrair a citação que lhe cabe naquele momento.
Todos passam a “Curtir” e assim você passa a ser considerado inteligente. O
conhecimento foi banalizado.
A
nível do emocional tudo se torna mais grave. Não temos tempo para curar nossas
feridas ou o luto. Não temos tempo para a maternidade ou paternidade. Tudo se
mostra necessário para ontem. Os consultórios psicológicos e psiquiátricos lotam
e na pressa da resolução de problemas emocionais os remédios se tornam uma
opção.
No
fim das contas chora-se pelo passado, visa o futuro e se esquecem do presente.
Tudo é processado rapidamente e nada é apreendido como deveria.
O
Tarô com sua linguagem pictórica não- verbal nos convidam a uma viagem às
nossas profundezas. Convida-nos ao que falta hoje no mundo. Convida-nos a
contemplação, análise e ao aprendizado não superficial de nós mesmos, do mundo,
das pessoas e ações. Como escreve Sallie Nichols:
“nasceram num tempo em que o misterioso e o
irracional tinham mais realidade que hoje, trazem-nos uma ponte efetiva para a
sabedoria ancestral do nosso eu mais íntimo. E uma nova sabedoria é a grande
necessidade do nosso tempo – sabedoria para resolver nossos problemas pessoais
e sabedoria para encontrar respostas criativas às perguntas universais que a
todos nos confrontam” (P.18) [1]
As
22 cartas do Tarô chamadas Arcanos Maiores possuem uma lógica intrínseca a
vida. Não é a toa que inicia no o 0 e termina no XXI,ou seja, estão arrumados
em uma sequência a qual uma história é contada por imagem. Como este será
assunto do meu próximo artigo, Voltemos aos arquétipos.
Eu
particularmente sempre gostei do Tarô de Marselha (o uso desde que iniciei),
pois este preserva o tom e estilos dos desenhos mais antigos. O seu desenho
transcende o pessoal e principalmente, não há provas, por exemplo, que tenha
sido criado por um indivíduo como acontece com as atuais cartas de Tarô. Não
estou afirmando que as cartas caíram do céu ou que as mesmas possuem caráter
miraculoso. O que quero dizer é que estas são tão antigas que ainda possuem a
originalidade de teu início. Até mesmo as cartas atuais foram tomadas de
empréstimos de outros sistemas e por isso reafirmo que encontro no Tarô de
Marselha a origem.
Os
arquétipos estão ligados à origem, pois estas representam simbolicamente as
forças instintivas que operam autonomamente em nosso inconsciente. Os
arquétipos são os instintos da psique, assim como há o instinto em nosso corpo.
Não podemos ver as forças arquetípicas
assim como vemos em nosso corpo, porém as experimentamos em sonhos e visões,
porém é na meditação é que podemos perceber tua ação, trazê-las para o
consciente e assim não só nos autoconhecer, mas conhecer o outro, o mundo, as
ações, etc.
As
imagens todavia podem até mudar de cultura em cultura ou mesmo a nível pessoal,
porém o seu caráter essencial é universal. Não há quem não saiba sobre os
arquétipos de mãe, pai, o enamorado, o mago, o louco, o diabo, o ermitão por
exemplo...
Compreendendo
os arcanos do tarô podemos adentrar nos arquétipos que adentram nosso
inconsciente e assim vivenciar o que há de mais profundo em nós. O tarô com sua
linguagem pictórica não- verbal mostra uma significativa compreensão da
natureza da consciência, em outras palavras, as cartas, imagens nos mostram
padrões profundos de nosso inconsciente coletivo nos dando acesso à percepção
destes padrões que nos permeiam.
Sendo
assim o tarô é um dos instrumentos (deve ser usado com responsabilidade) o qual
podemos utilizar para nosso autoconhecimento e conhecimento de todos os
aspectos e processos que universalmente vivemos. Está na vida, no mundo e em
todos nós.
Sejam
bem vindos ao meu blog e a esta “viagem”.
[1]
NICHOLS, Sallie. “Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica” 10ed. Cultrix: São
Paulo.
Bibliografia lida, consultada e de referência
GAD, Irene. Tarô e Individuação. Mandarim: São Paulo. 1996
GILLES, Cynthia. O Tarô: Uma História Crítica (dos primórdios medievais à experiência quântica). Pioneira: São Paulo, 1994.
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica. 10ed. Cultrix: São Paulo. 2000.
Admiro a sua capacidade de produzir pensamento avançado.
ResponderExcluirMuito sucesso para este projecto.
Beijo
António
Saudades amigo Antonio!
ResponderExcluirHoje vou reativar este blog, de onde estiveres um beijo!
<3