terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Tarô e Imagens arquetípicas




Por Christiane Forcinito

Vivemos em um mundo verbal e de uma rapidez enorme, isto é, hoje em dia não temos muito tempo para o aprofundamento do conhecimento ou mesmo o autoconhecimento.

A maioria do conhecimento é processada apenas na superfície. Não se há mais necessidade de leituras visto que qualquer informação é encontrada no “Google”. Até mesmo as faculdades hoje estão nesta rapidez com seus cursos à distância e cursos em dois anos. Hoje todo mundo sabe de tudo um pouco. Quer parecer inteligente basta entrar no “pensador” e extrair a citação que lhe cabe naquele momento. Todos passam a “Curtir” e assim você passa a ser considerado inteligente. O conhecimento foi banalizado.

A nível do emocional tudo se torna mais grave. Não temos tempo para curar nossas feridas ou o luto. Não temos tempo para a maternidade ou paternidade. Tudo se mostra necessário para ontem. Os consultórios psicológicos e psiquiátricos lotam e na pressa da resolução de problemas emocionais os remédios se tornam uma opção.

No fim das contas chora-se pelo passado, visa o futuro e se esquecem do presente. Tudo é processado rapidamente e nada é apreendido como deveria.

O Tarô com sua linguagem pictórica não- verbal nos convidam a uma viagem às nossas profundezas. Convida-nos ao que falta hoje no mundo. Convida-nos a contemplação, análise e ao aprendizado não superficial de nós mesmos, do mundo, das pessoas e ações. Como escreve Sallie Nichols:

 “nasceram num tempo em que o misterioso e o irracional tinham mais realidade que hoje, trazem-nos uma ponte efetiva para a sabedoria ancestral do nosso eu mais íntimo. E uma nova sabedoria é a grande necessidade do nosso tempo – sabedoria para resolver nossos problemas pessoais e sabedoria para encontrar respostas criativas às perguntas universais que a todos nos confrontam” (P.18) [1]

As 22 cartas do Tarô chamadas Arcanos Maiores possuem uma lógica intrínseca a vida. Não é a toa que inicia no o 0 e termina no XXI,ou seja, estão arrumados em uma sequência a qual uma história é contada por imagem. Como este será assunto do meu próximo artigo, Voltemos aos arquétipos.




Eu particularmente sempre gostei do Tarô de Marselha (o uso desde que iniciei), pois este preserva o tom e estilos dos desenhos mais antigos. O seu desenho transcende o pessoal e principalmente, não há provas, por exemplo, que tenha sido criado por um indivíduo como acontece com as atuais cartas de Tarô. Não estou afirmando que as cartas caíram do céu ou que as mesmas possuem caráter miraculoso. O que quero dizer é que estas são tão antigas que ainda possuem a originalidade de teu início. Até mesmo as cartas atuais foram tomadas de empréstimos de outros sistemas e por isso reafirmo que encontro no Tarô de Marselha a origem.

Os arquétipos estão ligados à origem, pois estas representam simbolicamente as forças instintivas que operam autonomamente em nosso inconsciente. Os arquétipos são os instintos da psique, assim como há o instinto em nosso corpo.  Não podemos ver as forças arquetípicas assim como vemos em nosso corpo, porém as experimentamos em sonhos e visões, porém é na meditação é que podemos perceber tua ação, trazê-las para o consciente e assim não só nos autoconhecer, mas conhecer o outro, o mundo, as ações, etc.

As imagens todavia podem até mudar de cultura em cultura ou mesmo a nível pessoal, porém o seu caráter essencial é universal. Não há quem não saiba sobre os arquétipos de mãe, pai, o enamorado, o mago, o louco, o diabo, o ermitão por exemplo...

Compreendendo os arcanos do tarô podemos adentrar nos arquétipos que adentram nosso inconsciente e assim vivenciar o que há de mais profundo em nós. O tarô com sua linguagem pictórica não- verbal mostra uma significativa compreensão da natureza da consciência, em outras palavras, as cartas, imagens nos mostram padrões profundos de nosso inconsciente coletivo nos dando acesso à percepção destes padrões que nos permeiam.

Sendo assim o tarô é um dos instrumentos (deve ser usado com responsabilidade) o qual podemos utilizar para nosso autoconhecimento e conhecimento de todos os aspectos e processos que universalmente vivemos. Está na vida, no mundo e em todos nós.

Sejam bem vindos ao meu blog e a esta “viagem”.

[1] NICHOLS, Sallie. “Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica” 10ed. Cultrix: São Paulo. 

Bibliografia lida, consultada e de referência
GAD, Irene. Tarô e Individuação. Mandarim: São Paulo. 1996
GILLES, Cynthia. O Tarô: Uma História Crítica (dos primórdios medievais à experiência quântica). Pioneira: São Paulo, 1994. 
NICHOLS, Sallie. Jung e o Tarô, Uma jornada arquetípica. 10ed. Cultrix: São Paulo. 2000.






2 comentários:

  1. Admiro a sua capacidade de produzir pensamento avançado.

    Muito sucesso para este projecto.

    Beijo

    António

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  2. Saudades amigo Antonio!

    Hoje vou reativar este blog, de onde estiveres um beijo!

    <3

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