sábado, 31 de março de 2018

A Sacerdotisa


Por Christiane Forcinito

Este arcano na mitologia é representado por Perséfone, rainha do submundo, filha de Deméter (a Mãe-Terra) e guardiã dos segredos dos mortos. Conta o mito que ela estava colhendo flores no campo quando Hades se apaixonou e a raptou. No submundo ele a ofereceu uma romã, ela aceitou e comeu. Assim como ela participou da fruta dos mortos ela ficou eternamente ligada ao deus Hades. 

Ela governava o submundo durante três meses do ano e apesar de passar nove meses no mundo da luz com a mãe (acordo que Hermes intercedeu junto de Deméter e Hades e isso estará no texto sobre Deméter ou a Imperatriz do tarô) ela não podia contar os segredos do mundo dos mortos. 

O reino de Hades era cheio de mistérios e era cercado pelo terrível rio Estige. Ninguém podia atravessar o rio sem a permissão de Hades. Quando Hermes, mensageiro dos deuses e guia das almas, escoltavam os heróis excepcionais só o fazia com a permissão de Hades. Inclusive as almas dos mortos não podiam atravessar o rio sem pagar uma moeda ao Caronte, o velho barqueiro encarregado da travessia do rio e quem o fizesse teria de enfrentar Cérbero, o terrível cão de três cabeças que devorava qualquer um que se atrevesse a desrespeitar as leis, desta forma, quando Perséfone comeu a romã ela deixava para trás sua infância inocente tornando-se guardiã deste mundo cheio de segredos e sombrio. 

No tarô dos Santos (que tenho me debruçado a estudar e ainda acredito que podem haver mudanças), ela é representada por Santa Ágata, padroeira das doenças mamárias. O que se falam dela foi passado de geração em geração. O que sabemos mesmo é que ela realmente existiu e foi brutalmente martirizada. 

Ela  viveu nos anos 235 à 251, era uma mulher muito bonita e pertencia a uma família nobre. Por amor a Deus ela fez um voto de castidade e se consagrou. O governador Quinciano sabendo sobre sua beleza e grande riqueza resolveu acusá-la do "crime" de pertencer à religião cristã e mandou prendê-la. Ele a conhecendo e tomado de paixão se atreveu a fazer diversas propostas indecentes. Ágata, indignada o rejeitou e preferiu morrer a macular o nome de cristã. Quinciano aparentemente desistiu de seus planos e a entregou aos "cuidados" de uma mulher livre chamada Afrodísia. Por 30 dias ela tentou mudar os conceitos de Ágata e não conseguiu a devolvendo para o governador. E assim começou seu longo e violento martírio culminando em sua morte. 

Há um episódio que a fez ser padroeira das doenças mamárias. Depois de um longo tribunal onde ela continuou firme em seus princípios o tirano ordenou que ela fosse esticada, seus membros desconjuntados, seu corpo queimado com chapas de cobre em brasa e seus seios mutilados. Quando ela ouviu a sentença ela respondeu ao Juiz: "Não te envergonhas de mutilar numa mulher o que tua mãe te deu para te aleitar?"

O conjunto simbólico de ambas sugere um grande poder feminino simbolizando intuição e fecundação. Há uma força pessoal retida e que não será revelada facilmente e  por isso a carta sugere reflexão. Elas protegem segredos da alma humana, o inconsciente. É o arquétipo do feminino que encontra na passividade a sua força. Há também uma confiança inexplicável, mas profundamente enraizada. 

O signifcado da Sacerdotisa dependendo do contexto pode sugerir impotência, medo de agir por medo de errar. Também pode significar sabedoria na passividade, convite a observar mais do que agir, seguir a intuição, ouvir a intuição, conhecimento através da reflexão, fidelidade aos princípios, segredo sobre o que deseja, sentimento contido ou não revelado. Quando está em posição desfavorável sugere precipitação e insegurança. 

Bibliografia lida, consultada e de referência para este texto
BANZHAF, Hajo. Curso complleto do tarô. 8.ed. Pensamento: São Paulo. 2012
DONELLI, Isa. Vozes dos Santos - o tarô dos protetores espirituais. 10.ed. Penamento: São Paulo 2012
SHARMAN-BURKE, Juliet e, GREENE, Liz. O Tarô Mitológico. Madras: São Paulo. 2012.
MAZZIERO, Kelma. Cartas na mesa. Agbook: São Paulo. 2015
NAIFF, Nei. Curso completo de tarô. 11.ed. Alfabeto: São Paulo. 2017
VARAZZE, Jacopo de. Tradução de FRANCO JÚNIOR, Hilário. Legenda Aurea - Vida de Santos. Companhia das letras: São Paulo. 2003

quinta-feira, 29 de março de 2018

Conselho da Rainha de Ouros


Por Christiane Forcinito

Hoje o conselho vem através do mito de Onfale, que é conhecida por sua capacidade poderosa de dominação utilizando - se somente dos atributos femininos como a beleza e  a inteligência, tendo, inclusive, tido Hércules como seu escravo.

Conta em um dos ciclos da história de Hércules (o dos seus piores momentos) que ele foi parar na Ásia onde foi condenado a escravizar-se por três anos e assim ele foi vendido à Rainha Onfale. Ela se apaixonou por ele e concedeu-lhe a liberdade, mas ele também a amava e preferiu permanecer submisso ao seu lado, submetendo-se à todos os seus caprichos.

Um dos exemplos mais conhecido é de quando Onfale ordenava a seu escravo a vestir-se de mulher e, pegando no fuso e na roca, sentava-se humildemente aos seus pés, a fiar lã, enquanto ela com porte altivo e guerreiro, vestia-se da pele do leão de Nemés, e empunhava a clave de herói.

Este fato é citado com a finalidade de mostrar o poder da mulher sobre o homem, ou também a força da sedução e da astúcia sobre a força bruta.

Ela também era quem dirigia os recursos financeiros da própria vida e, além disso, era segura, diligente, bondosa, cuidadosa, aberta e receptiva aos prazeres da vida.

Esta mulher autossuficiente, sensual, forte e trabalhadora deixa como conselho para termos calma, autoconfiança, firmeza em nosso propósito e autocontrole se quisermos proteger nossas conquistas, porém não devemos nos esquecer de sermos também generosos.

No tarô dos Santos (que eu descobri e tenho estudado também) a carta correspondente é a da Santa Matilde. Ela era generosa ao ajudar os outros, erigiu escolas e abadias e por isso é vista como a mulher que sabe lidar com os recursos que possui trazendo estabilidade em tudo que toca.

E que nós sejamos como estas mulheres, ciente do nosso poder erigimos metas, recursos e a nossa própria vida.

Bibliografia lida, consultada e de referência para este texto
SHARMAN-BURKE, Juliet e GREENE, Liz. O Tarô Mitológico. Madras: São Paulo.2012.
DONELLI, Isa. Vozes dos Santos - O tarô dos protetores espirituais.10ed. Pensamento: 2012.
VARAZZE, Jacopo de. Tradução de FRANCO JÚNIOR, Hilário. Legenda Aurea - Vida de Santos. Companhia das letras: 2003.

quarta-feira, 28 de março de 2018

Boa filha a casa torna

Tarot medieval

Neste texto irei contar a minha história com o tarô e a astrologia. Abri este blog em 2012, porém tiveram outros antes que eu acabei fechando as visualizações. Este aqui ficará aberto e darei continuidade por aqui.

O Tarô veio antes da astrologia e é uma paixão desde meus 9 anos de idade (1981), quando comecei a estudá-lo através de uma revista chama "A sua sorte". Era difícil ter de esperar as 6 cartas na semana seguinte e demorei 13 semanas para unir todo o baralho. E por muito tempo usei apenas os arcanos maiores na minha leitura. Somente aos 16 anos (1989) iniciei meus estudos na astrologia com o astrólogo e ainda amigo Márcio Cassoni.

Eu e meu professor e grande amigo Márcio Cassoni em Outubro 2017


De lá para cá foram muitos anos. Comecei lendo cartas e fazendo mapas para amigos e familiares. Comecei a ler para estranhos trabalhando em feiras esotéricas e beneficentes, tudo muito informal até que eles acabaram se tornando meu "ganha pão" dos 23 aos 25 anos, mas quando me casei em 1998 guardei este conhecimento por 12 anos em uma caixinha, pois me converti ao catolicismo. Não deixei de gostar ou acreditar, entretanto resolvi guardá-lo como um ato de fé e amor justamente pela minha imaturidade e por não compreender naquele tempo a dimensão deste conhecimento.

Imagem digitalizada de um antigo cliente meu. O mapa eram desenhado


Retornei aos estudos em 2008 quando cursava filosofia e história, porém como estudante de filosofia isso era mal visto pela academia e por isso me calei e continuei de forma bem vagarosa rever o que eu havia estudado no passado.

Em 2010, depois do meu divórcio retomei com mais atenção. Naquela época comecei a ir em encontros, bate papos, palestras, fóruns, porém tudo mais voltado para a astrologia. O tarô ainda caminhava a caminhos mais lentos. Eu precisava amadurecer em muitos aspectos, havia ainda um preconceito da minha parte por não se ver "vivendo disso" e em 2010 a fotografia me tirou do limbo e fez com que eu me dedicasse apaixonadamente todo tempo para isso.

Entre os astrólogos e amigos que admiro Elias Mendes, Lúcia Mazzini (in memoriam) e Miguel Etchepare


Foi quando, em 2011, eu acabo conhecendo através do grupo "Astrólogos" no Facebook onde eu era moderadora, aquela que se tornaria uma das minhas melhores amigas, a Patrícia Kroger e junto dela e da Ruth Sasaki (conheci no mesmo ano) passamos a nos encontrar todas segundas à noite para estudarmos astrologia horária e depois o tarô. Este trio ficou unido por um ano e depois por conta das nossas vidas demos um tempo, mas a minha amizade com a Patrícia se consolidou e voltamos e toda sexta à tarde passamos a nos encontrar para estudar, foi quando comecei a estudar os arcanos menores e ficamos assim até 2016. Nós duas tínhamos muito em comum. Além da astrologia e do tarot somos fotógrafas e amamos lutas marciais, pelo fato dela ser tão plural como eu isso me ajudou muito no meu processo e amadurecimento.

A minha bbf Patrícia Kroger


Acabo abrindo este blog em 2012, pois novamente coloquei a minha atenção no tarô estudando os arquétipos, mas novamente mudei o foco porque eu comecei um curso de constelação (já participava de constelações há dois anos) e estava cursando a minha primeira pós graduação em educação. Neste mesmo ano também fui convidada a trabalhar em um projeto teatral como fotógrafa e aceitei feliz da vida colhendo muitos frutos deste trabalho ainda hoje.

No bar com amiga Gil 
ensinando filhinha 


 Mesmo assim eu continuava me encontrando com a Patrícia e estudando com ela, ensinava minha filha Sophia e fazia alguns atendimentos. Até em mesa de bar fiz atendimentos. O tarô me pagou muita cerveja (risos)



Em 2013, ano muito transformador, eu me torno consteladora sistêmica. O tarô e a astrologia continuaram escondidinhos, pois eu não queria que vissem a constelação como um ramo do esoterismo (sim, eu sei, aí está o meu preconceito). Neste mesmo ano eu ainda trabalhava no projeto teatral e como professora em uma escola, minhas constelações foram enveredando para a educação e coloquei foco em estudar a teoria das constelações aplicando-as na educação. Durante os anos na escola a direção não gostava disso e isso foi o fator determinante para a minha demissão em 2017. Isso contribuía para o meu preconceito, pois se nem as constelações eram bem vistas imagina o que pensariam em relação ao tarô e a astrologia...

Este sentimento começou a mudar em 2015 quando ministrei o meu primeiro curso de tarô mitológico e estudando mais para montar as aulas e ensinar com responsabilidade tive o "eureca". A partir disso retomei os estudos com o tarô de forma mais sistemática me focando nos mitos e nas diferenças entre as cartas de tarô.

Já no ano seguinte foi maravilhoso. Eu estava namorando e apaixonada e trabalhava com todas as minhas facetas. Tudo frutificou. Eu dava aulas de filosofia, sociologia e história em uma escola particular, constelava clientes uma vez por semana, atendi pessoas com a astrologia e com o tarô (percebi que eu lado mais forte é o tarot), ministrei mais dois cursos de tarô mitológico para iniciantes e tudo foi tomando forma. Claro que esta mudança de visão veio ao encontro com um processo de amadurecimento, autoconhecimento e empoderamento pessoal.

Turma linda de tarô mitológico

Em 2017 a vida me breca, dois meses antes de janeiro passei por mais uma separação e me vi sozinha novamente. Senti que era o momento de estudar mais, embora neste ano as atividades ficaram mais focadas na escola e nas constelações o estudo do tarot tomou mais forma e seriedade. Neste ano trabalhei pouco com fotografia, com a astrologia, com o tarot e comecei a minha segunda pós graduação em pedagogia sistêmica.

Folder de palestra 

Fui demitida da escola em Dezembro de 2017 e eu já estava estudando o tarô de forma mais séria à algum tempo e assim volto aos atendimentos com as cartas. Estes atendimentos junto com as constelações tem pagado as minhas contas desde então.



Neste último fim de semana (24/25 de Março) na pós graduação que curso sobre pedagogia sistêmica em um exercício vivencial revemos a nossa "linha do tempo acadêmica" e neste pude comprovar o quanto meu caminho na astrologia e no tarô choravam e se entristeciam comigo por eu não dar a devida atenção. Eu me reconciliei, reconheci meu preconceito e feito isso ambos (principalmente o Tarô) tomou uma força incrível agregando tudo que sou hoje. Acho que só quem já passou por uma constelação (assistindo, participando ou constelando) vai compreender este meu último parágrafo.

E assim chego a este ponto de minha estrada retomando este blog. Espero não só dar conta de tudo que faço e estudo como também que vocês gostem. Quero que este blog seja um lugar seguro para todos aqueles que, como eu, procurem por boas referências.

No mais para quem quiser há ainda a minha página no Facebook e no Instagram onde escrevo conselhos diários do Tarô. Quem quiser consultas podem entrar em contato comigo por e-mail no christiane.forcinito@hotmail.com ou pelo telefone/WhatsApp 11 993839867

Atenciosamente

Christiane Forcinito.